um grande amor *

“Volto a encontrar-te. Recordo-me de ti. Esta cidade era feita á medida do amor. Tu eras feito á medida do meu corpo. Quem és? Matas-me. Tinha fome. Fome de infelicidade, de adultérios, de mentiras e de morrer. Desde sempre. Duvidava de que um dia desabasses sobre mim. Esperava-te numa impaciência sem limite, calma. Devora-me. Deforma-me á tua imagem para que nenhum outro, depois de ti, possa compreender o porquê de tanto desejo. Vamos ficar sós, meu amor. A noite não vai acabar. O dia não voltará a nascer sobre ninguém. Nunca. Nunca mais. Enfim. Matas-me. Fazes-me bem. Choraremos o dia defunto com consciência e boa vontade. Não teremos mais nada que fazer, nada senão chorar o dia defunto. O tempo passará. Apenas o tempo. E o tempo chegará. Chegará o tempo. Em que já não saberemos nomear aquilo que nos unirá. O nome apagar-se-á pouco a pouco da nossa memória. Depois desaparecerá por completo.”  

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